Artigo

OPINIÃO: Escolhas essenciais

Marta Tocchetto

Saber dizer não é quase sempre uma grande dificuldade. Há pessoas que têm a tendência em se mostrarem sempre disponíveis. Elas reescrevem diariamente, o ditado popular: ''Quem não é visto não é lembrado''. Praticam o que é visto e lembrado. Essa característica pode acarretar um excesso de atividades e uma sobrecarga de compromissos que inviabilizam o estabelecimento e o cumprimento de metas pessoais. As pressões em prol da disponibilidade vêm de toda a parte e são de toda a ordem. 

A cobrança muitas vezes, não é externa, vem de si mesmo. Escolhas pessoais podem ser equivocadamente interpretadas como gestos egoístas. O temor de rotulagens pode conduzir a escolhas que agradam mais aos outros do que a si próprio. Esta exigência abusiva também faz parte do padrão de muitas empresas e corporações, as quais desconsideram e desvalorizam os desejos individuais e as escolhas pessoais. 

A postura induz a demonstração de disponibilidade absoluta. A predisposição pelo sim leva à dificuldade de estabelecimento de prioridades. O atendimento de chamados desprovido de critérios de escolha impõe uma alta sobrecarga emocional. Representa, muitas vezes, a incapacidade de identificar o que é essencial, aquilo que é vital. Essencialismo é bem mais do que priorizar o tempo. É priorizar o que realmente significa. 

É se dedicar ao que vale a pena. Com o passar dos anos, o tempo ganha mais significado – já não temos mais todo o tempo do mundo. Nessa fase, identificar o que é importante, aquilo que merece nossa entrega, ou seja, simplesmente definir o que significa, torna-se uma preocupação altamente relevante. As escolhas precisam então, estar associadas à felicidade. É precisar estar permanentemente se questionando. Será que este cargo me trará felicidade? Será que a progressão atingida não exigirá mais sacrifícios do que trará prazer? 

Muitas vezes, fazer o que não se deseja verdadeiramente é menos compensador do que o suposto brilho proporcionado. Felicidade é essencial. Quando uma decisão não traz felicidade, ela tira a paz. Ela deve ser repensada e avaliada, pois o peso acarretado ao nosso coração se torna tão prejudicial que pode afetar a saúde física e mental. Funções responsáveis pelo nosso bem-estar e nosso equilíbrio são afetadas. Insônia, ansiedade, depressão são sinais que indicam que é preciso reavaliar nossas escolhas, reprogramar prioridades e identificar o que, de fato, é essencial. A reavaliação deve considerar situações e pessoas. 

Há pessoas tóxicas que também devem ser evitadas. Aquelas cujas atitudes e atos destilam venenos que causam efeitos nocivos. O antídoto é a felicidade que neutraliza a toxicidade, elimina a periculosidade. Felicidade requer filtragem de escolhas. É necessário aprender a dizer não para priorizar as escolhas essenciais, pois elas não podem ser abdicadas. Dizer não, muitas vezes, é resguardar a felicidade. É preservar a paz. Uma análise difícil de ser feita por alguém que, diariamente, necessita aprender, sem culpa, o valor do não.   

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